Hoje resolvi falar do filme que saiu no cinema este mês: Capitã Marvel. Apesar de ter deixado de comentar filmes há um tempo no blog, resolvi escrever um pouco sobre algumas reflexões que surgiram quando tive oportunidade de assistir a nova heroína da Marvel no cinema. Eu acompanho os filmes da Marvel desde o início do que chamam de Marvel Cinematographic Universe - MCU e, mesmo que entenda uma coisa ou duas sobre os Quadrinhos, comecei a achar ótimo e muito interessante grande parte dos filmes que fazem parte deste universo.
Quanto à Capitã Marvel, pouco conhecimento tive sobre ela antes do anúncio da produção deste filme, no entanto vou me deter em comentar sobre alguns aspectos que fazem o filme ser importante para representatividade da mulher, de forma que em meio a história fictícia do filme alguns temas são explorados e que proporcionam reflexão e questionamentos sobre o lugar de ser mulher na sociedade.
Brie Larson como a piloto Carol Danvers |
Primeiramente, gostaria de comentar a respeito da personagem Carol Danvers que se apresenta como uma mulher que é persistente em buscar seus objetivos, independente de ser considerada como incapaz e que está em um "lugar que não é seu", de forma que se impõe em espaços que não considerados para mulheres ou femininos. No filme, também é interessante de observar o quanto ela luta para se manter nestes espaços desde a infância até a vida adulta, como piloto das forças aéreas.
Outro ponto importante é que não é comum para nós mulheres nos vermos representadas nos filmes com este tipo de perfil que caracteriza a personagem, principalmente devido a construção social da mulher e quais seriam os "lugares" mais aceitáveis que devêssemos ocupar. Penso que a imagem desta personagem fora importante para repensarmos o papel da mulher hoje e que o nosso lugar é em qualquer lugar que a gente quiser, independente de serem espaços, profissões e imagens que são comumentes associadas somente ao homem.
Lashana Lynch como Maria Rambeau, melhor amiga de Carol e também piloto |
Com relação a ser piloto nas forças aéreas americanas, Carol e sua melhor amiga Maria Rambeau aparentemente são as únicas mulheres que pilotam dentro do contexto do filme e deixam claro que não são bem vindas para qualquer tipo de operação, de forma que os homens são privilegiados e elas são impedidas de pilotar. Como o filme é ambientado nos anos 1990, traz esse conflito e também o reflexo de como as mulheres aos poucos estão ocupando espaços apesar de muitas das vezes serem limitadas em seu fazer, de modo que não têm liberdade de apresentar todo seu potencial para exercer sua função.
Gostei de ver no filme essa inserção as personagens femininas em um local predominantemente masculino, principalmente por suscitar a reflexão acerca das atitudes e das situações nas quais elas são colocadas, de refletir sobre o porquê de serem excluídas ou mal recebidas em um lugar que gostariam e têm direito de estar. Lugar este que pode ser relativo a qualquer outro contexto no qual a mulher não é valorizada ou bem vinda, e que ainda reverberam hoje, e que faz com que a gente tenha que manter uma luta diária de confirmação e, muitas das vezes, de imposição - se impor que aquele lugar é seu.
Brie Larson como Capitã Marvel |
Como último ponto desta curta análise, trago a reflexão sobre o percurso da Capitã Marvel que, durante o filme, estava sendo apresentada de uma forma que limitasse seus poderes. Ao final do filme, ela se sobrepõe a limitação imposta segundo o contexto da história. Este fato fora muito metafórico na minha opinião, uma vez que a limitação dos poderes da personagem poderia ser entendida também como imposta limitação das potencialidades que a mulher às vezes é submetida dependendo do espaço em que ela se encontra. Tanto que, quando liberta seus poderes ao máximo, Capitã Marvel se mostra de forma exuberante e extremamente poderosa, de uma forma até então não vista. Então, para mim, a libertação dos poderes pode significar essa libertação das nossas potencialidades como mulheres que muitas vezes são reprimidas, que não somos permitidas ser exuberantes e que está fadado a nós sabermos e encontrarmos uma forma de nos libertar de todos os elementos que nos oprimem por sermos mulheres.
Francamente, esta parte bem metafórica eu acredito que deva ser a maior mensagem desse filme. Fico feliz que as crianças de hoje possam ver um filme que traga esse tipo de imagem e de mensagem sobre a representatividade da mulher, uma coisa que até então a gente pouco via. A representatividade é importante para que possibilite nos identificar com diferentes personagens e papéis representados que falem de nós, que nos permita pensar fora de um padrão opressor e limitador. A reflexão que trago a partir deste filme é: Precisamos de mais conteúdos com representatividade feminina, de alguns que possam ser mais similares com a nossa realidade e que possam abrir novas possibilidades de subjetividade.
Até a próxima postagem!
Referências e Imagens
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