terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sobre o livro "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen

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     Esta postagem foi pensada e feita neste mesmo dia, não estava nos planos. No entanto, eu resolvi escrever logo para que não se passasse muito tempo e eu viesse a esquecer sobre alguns pontos que gostaria de comentar, o que se deu justamente porque gostei muito da história. Conheci Orgulho e Preconceito por acaso, não lembro bem ao certo quando ou como, mas já tinha ouvido falar sobre. Um dia recebi um email com indicações de livros e ele estava na listagem, então resolvi comprá-lo junto de As Aventuras de Robin Hood e Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Assim, Orgulho e Preconceito chegou até mim, por enquanto em versão de bolso, mas chegou.


Chegou demorado mas chegou!

     Apesar de pouco conhecer de romance e da própria literatura inglesa, resolvi começar por ele e creio que fiz um bom começo. Então, para situar um pouco sobre a história, começarei falando um pouco da autora e por conseguinte do livro. 
  
A Autora

     Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775 em Steventon, na Inglaterra. Ela nasceu numa família com bons recursos financeiros e teve educação em casa. Segundo algumas fontes que eu li, por seu pai ser tutor de vários jovens e ser responsável por ensiná-los, Jane recebeu uma educação muito rica, podendo estar relacionada as suas produções escritas. Não se sabe ao certo quando ela começou a escrever suas primeiras histórias, no entanto ela teve seus livros publicados quando ainda era jovem sob pseudônimo de "uma senhora". Não achei nenhuma fonte que falasse a respeito de, se uma mulher naquela época poderia escrever livros assim, contudo Jane recebeu incentivo de sua família para publicação de seus livros.
     Jane escreveu outros romances durante sua vida, dentre eles se destacam: Emma, Razão e Sensibilidade e Mansfield Park. Eu não tive oportunidade de ler demais histórias da autora, no entanto, segundo o site da L&PM Editores, suas histórias estão sempre relacionadas com a época em que a autora vivia, bem como associadas aos costumes principalmente quando se trata da posição que a mulher ocupava. Sempre havia uma leve crítica ironia em seus textos quando retrata estes aspectos.
     Devido às críticas suaves em seus livros com relação à condição da mulher numa sociedade fortemente patriarcal, Jane é considerada como uma crítica feminista e isto é bem visível em Orgulho & Preconceito em momentos nos quais os personagens discutem ou mencionam sobre a educação que a mulher deve apresentar.
     Jane nunca se casou e morreu em 18 de julho de 1817, com 42 anos. Deixando incompleta a obra Sandinton.

Orgulho e Preconceito (1797)
    
© Viria13 | DevianrArt

     Devo dizer que eu me encantei muito com esta obra, seja pelo modo como ela é escrita ou como a autora conduz a história, são elementos bastante fantásticos na minha opinião. Em alguns momentos fica claro o que a autora quer abordar em sua narrativa, principalmente na descrição das falas das personagens quando apresentadas de modo indireto. Dividi minha análise em alguns tópicos abaixo:

Enredo e Contexto
     Não posso deixar de citar que este ano nós temos o bicentenário desta obra, uma vez que foi escrita no século 18, retratando os costumes que a sociedade inglesa mantinha nesta época e, principalmente, acerca da posição e do pouca possibilidade de decisão que a mulher apresentava. Quanto ao contexto, a autora não relata nenhuma referência histórica, tratando a história apenas como situada no século 18 e também na narrativa não se apresenta nenhum tipo de descrição quanto ao cenário e outras situações, como a dança do baile, por exemplo. Então, para poder imaginar, temos que ter uma pouco de noção de como era estética e o cenário do século 18.

Personagens
     Jane Austen não apresenta descrição física dos personagens, ou então apresenta uma descrição rasa, deixando por conta de nossa imaginação. Já a descrição mais subjetiva das personagens nos é colocada conforme a narrativa vai seguindo e então a partir das situações que vão surgindo, podemos tirar nossas próprias conclusões a respeito do caráter e da personalidade de cada um dos personagens.

Elizabeth Bennet
     Esta personagem é bastante notável, principalmente por apresentar um posicionamento diante do que fala e do que pensa, o que é bastante incomum dentro daquele contexto histórico. Penso que a autora queria deixar isto bem claro, tanto é que aparecem diversas situações em que Elizabeth não deixa de expressar suas convicções, e eu vejo isto também com relação ao próprio Mr. Darcy. 
     E outra coisa interessante é que Elizabeth por vezes não se enquadrava no modo de pensar e agir da época, ela pouco de importava com as roupas ou então pouco se importava em mostrar-se uma mulher "prendada"em busca de casamento, e esta é parte muito importante: por ser uma personagem assim, a autora encher a olha de ironia e com uma crítica a posição da mulher como eu disse anteriormente.

Mr. Darcy
     Com este personagem a minha experiência foi bastante interessante. No início da narrativa e em algumas partes durante o meio, tem-se a imagem do quanto Mr. Darcy é arrogante e orgulhoso, de modo a fazer com que não criemos a melhor imagem dele. No meu caso, eu não gostava muito dele, ele se apresentava como alguém desprezível, principalmente por não se importar com as pessoas ao seu redor nos momentos em que ele é descrito, porém do meio para o final, ele muda completamente e desconstrói a imagem apresentada antes. Neste caso, eu acho que a autora quis passar a imagem que Elizabeth vinha construindo sobre ele, bem como no fato de ela tê-lo julgado com base nas primeiras impressões.

Comentários Adicionais
E agora a pergunta: "Mas porque Orgulho e Preconceito?" 
Esse também é o ponto chave do livro :D Neste caso orgulho é presente em quase toda a obra, principalmente por parte de Mr. Darcy, principalmente pela postura que ele tem diante de várias situações e, claro, no momento em que se declara para Elizabeth. O que acho interessante neste trecho é que a fala dele é escrita de forma indireta, deixando enfatizado o quanto ele era orgulhoso demais para se aceitar numa situação dessas:
"(...) Darcy conservou-se sentado durante alguns instantes e depois, levantando-se, pôs-se a passear pela sala. Elizabeth estava espantada, mas nada disse. Após um silêncio de alguns minutos, aproximou-se, agitado, e disse:
– Em vão tenho lutado, mas de nada valeu. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e permita-me dizer-lhe que a admiro e a amo ardentemente.
Elizabeth ficou pasmada. Olhou-o fixamente, corou, duvidou e não pronunciou palavra. Mr. Darcy viu nisso um encorajamento e fez-lhe a confissão de tudo o que ele sentia e desde quando ele o sentia. Ele exprimiu-se bem, mas através de suas palavras outros sentimentos podiam ser percebidos, além dos do coração, e ele não falava com maior eloquência de sua ternura do que de seu orgulho. O sentimento da inferioridade de Elizabeth, do rebaixamento que aquele amor representava, os obstáculos da família que a razão sempre opusera à inclinação, foram descritos com um ardor que provinha do triunfo de sua feição, mas que recomendava pouco suas pretensões." (p. 161-162)
     Mais uma coisa, eu acho que o orgulho também se deu por parte de Elizabeth, visto que desde o começo na narrativa ela teve seu orgulho ferido com  as colocações que Mr. Darcy fez a respeito dela e desde então surge a antipatia dela para com ele. E daqui surge o preconceito, Elizabeth encontra demais situações as quais poderia julgar o caráter de Mr. Darcy com base nas poucas convicções que tinha a respeito dele, vendo-o como arrogante e desprezível. Eu também acho que há um certo preconceito por parte de Mr. Darcy com relação à família Bennet, devido ao modo como estes se comportam. Apesar de ambos apresentarem os dois elementos, eu vejo que o Orgulho do título se refere claramente ao Mr. Darcy devidas as suas atitudes iniciais, e Preconceito se refere predominantemente a Elizabeth por ter firmado uma antipatia contra Mr. Darcy com base nas primeiras impressões e em demais situações que ouvira falar. Sem falar que, para que ficassem juntos nos momentos finais da história, ambos tiveram que romper com essas duas barreiras e somente assim, pudessem reconhecer o valor que um tinha para o outro, bem como reconhecer o sentimento que haviam compartilhado. :)

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Até a próxima postagem!



Referências e Imagens

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