sábado, 24 de janeiro de 2015

Reflexão sobre o filme "A Ilha"


    Bom, gente, eu voltei \o/ Eu vinha prometendo essa postagem há muito tempo, eu sei! Apesar de todos os contratempos, eu vim desenvolvendo essa postagem pouco a pouco, o que foi até um ponto positivo, pois tive chance de rever o filme e acrescentar novos pontos na minha reflexão que resolvi escrever aqui :} Como eu conheci este filme não é um dado tão extraordinário, eu apenas o aluguei há alguns anos e resolvi assistir para ver se era legal. Logo após isso, eu tive uma série de reflexões sobre a história, porém vim resolver escrever sobre o que pensei anos depois após rever este filme na tv a cabo, e bem, eis aqui a minha análise :}

Enredo e contexto




     No começo do filme logo percebemos que se trata de uma ficção científica voltada para o que eu chamo de "futurismo tecnológico", justamente pela vida cotidiana apresentada inicialmente estar repleta de elementos tecnológicos práticos. E também pelo fato do contexto estar voltado para a "preservação da humanidade" devido a um certo desastre que impede com que as pessoas "vivam do lado de fora" e tenham unicamente como objetivo viver na "ilha", local semelhante a um paraíso e que no enredo do filme se coloca quase sempre como uma recompensa. Então, temos uma comunidade (cujos componentes são tidos como sobreviventes) vivendo num ambiente fechado e cheio de tecnologia, no qual os sujeitos são submetidos a certas regras sobre como conviver, se relacionar e até mesmo como devem se comportar e reagir a determinadas situações. Cada sujeito da comunidade está sempre mantido em constante vigilância e controle por meio de aparelhos tecnológicos e algumas pessoas. Esta busca pelo modo padronizado de viver e a extrema vigilância não são vistas como tal pelos sujeitos da comunidade, uma vez que eles acreditam viver desta forma para garantir a sobrevivência da espécie humana.

"Eu apenas tenho um sentimento de que algo está errado"
     Dado este contexto, o conflito presente no enredo do filme inicia por meio do questionamento do protagonista (Lincoln Six Echo) com relação modo de vida levado por aquela comunidade, devido a outras questões mais subjetivas do mesmo (como os sonhos dele, por exemplo) e, posteriormente, devido às situações que ele presenciou ao tentar buscar respostas para seus questionamentos. E assim, após questionar e descobrir uma parte da verdade, a qual todos estavam destinados a morrer de modo cruel, sem serem tratados como seres humanos, Lincoln busca salvar a sua amiga Jordan Two Delta e mostrar a ela o que acabara de descobrir. A partir daqui se inicia as partes mais marcantes do filme, as quais me levaram a refletir sobre diversas coisas.


Scarlett Johansson e Ewan McGregor
como Jordan Two Delta e Lincoln Six Echo


Cenas Selecionadas
     Devido à extensão do filme, eu selecionei algumas cenas para refletir e discutir um pouco sobre alguns pontos que considerei importantes.


1. A Fuga




     As cenas da fuga são bastante interessantes, principalmente porque, ao fugir, Lincoln e Jordan descobrem cada vez mais sobre onde realmente estão e sobre si mesmos, de modo a desconstruir totalmente as concepções que possuíam e que foram construídas em suas vidas. Na cena da imagem acima, os personagens se deparam a sua "origem" e como eles foram "programados" para pensar e ter a Ilha como seu único objetivo de vida.
     Após Lincoln e Jordan descobrirem a Ilha não passava de uma farsa, e o seu modo de vida, lembranças e em tudo em que acreditavam eram apenas elementos construídos para mantê-los naqueles padrões de vida estabelecidos e padronizados. E o fim de tudo seria a morte que, muita das vezes, era feita de modo cruel. Os dois protagonistas foram levados a fugir para sobreviver, o que se revelou enquanto movimento brusco em suas vidas, uma vez que iria contra todos os princípios que aprenderam em suas "breves" vidas.

2. O "lado de fora" e um recomeço




     Eu vejo esta cena como algo extremamente simbólico. Como se o espaço aberto que as personagens se deparam fosse algo que indicasse liberdade e um recomeço. É como se eles - a partir desse momento - pudessem dar o rumo que quisessem para as suas vidas, criando assim possibilidades para que trilharem um caminho que não é pré-estabelecido, como na vida que estavam acostumados. O que eles passam a viver a partir daqui é um vida longe do controle e da vigilância são permanentes, o que me soa como se fosse uma abertura para o novo, tanto é que esta cena acontece duas vezes: no começo e no fim.

3. Desconstrução e reconstruções de concepções


"Vocês são clones"


       Lincoln e Jordan não estão familiarizados com o que encontraram do "lado de fora" e percebem que a vida que eles tinham antes era totalmente falsa e tentam compreender e lidar com isso. E, além disso, eles perceberam que possuíam o valor de mero objeto para seus "donos" e que, por serem clones, não eram concebidos como seres humanos e tampouco como seres vivos.
    Desde a fuga e até os momentos em que os personagens buscam a verdade e relevar a verdade, eu vejo o processo de reconstrução de suas concepções e verdades acerca do que é vida, sobre o que é estar vivo conforme vão tendo experiências no mundo que eles não conheciam. A vida deles mudou totalmente a partir de um momento inicial (descobrir a verdade) e, logo em seguida, eles precisaram lidar com essa mudança repentina e também buscar um rumo, um objetivo para dar continuidade às suas vidas.

4. Um recomeço para todos




    Essa cena no final do filme é bem interessante, pois retoma a mesma experiência que os dois personagens viveram no começo do filme: um recomeço. E oferecer tal oportunidade aos demais se tornou objetivo final de Jordan e Lincoln, uma vez que, após viver o mundo que eles não conheciam, acreditavam que os seus colegas tinham o direito de viver o mesmo.

Conclusão

Um "futurismo atual"
    Porque considero este filme com atual? Bem, além do polêmico tema acerca da clonagem humana, eu vejo que a busca por criar meios que possam juventude e longevidade à humanidade é algo presente no cenário científico desde algumas décadas (ou desde muito tempo, quem sabe). Então, posso afirmar que a ficção retratada no filme foi baseada nestes pontos, afinal, os clones foram feitos para darem suporte às pessoas que pagaram por eles, não importavam as circunstâncias, não importavam se eles estavam realmente vivos ou eram capazes de agir e pensar como qualquer ser humano, o que importava era serem elementos que futuramente poderiam doar órgãos ou servirem para outros fins, sempre com o objetivo de manter o corpo dos "originais"saudável e socialmente aceitos.

Determinismo Biológico x Subjetividade Humana
    Outra grande "sacada" do filme é justamente voltada para este tópico. E isso é bem claro no controle rígido no qual os clones eram mantidos, desde a sua educação até às suas capacidades biológicas eram intensamente calculadas e, devido a este controle, acreditava-se que eles poderiam prever todos os passos dos clones e assim também mantê-los longe de questionamentos. E o filme começa quando este controle é quebrado, afinal a previsão dos passos de Lincoln fora colocada a prova e eu observo isso como uma forma de mostrar de a subjetividade humana é complexa e única, sendo impossível de ser controlada.

Crítica: O Homem brincando de Deus
     Este é outro ponto interessante tratado no final do filme. O fato de "criar" vidas e manter indivíduos vivos mais tempo o que esperado poderia estar proporcionando ao homem um meio de se igualar a Deus? Sim. No filme, o sentimento de superioridade e prepotência é representado pelo presidente da empresa que produzem os clones, uma vez que ele acredita ter o direito de tirar a vida daqueles que ele "criou", assim como pensa poder ser capaz de curar doenças incuráveis. 
    Tal fato nos leva a pensar: Não estaria a humanidade indo longe demais?


     Devido a todas as reflexões apresentadas eu afirmo: Eu gosto muito deste filme! O processo de desconstrução e reconstrução das concepções de verdade, vida, realidade das personagens é altamente perceptível. Eu acho bastante interessante o momento em que eles eles precisam refazer seus próprios objetivos, uma vez que o seu objetivo primordial (A Ilha) sequer existe, logo mais eles precisam lutar por suas vidas e por sua autonomia. É algo muito interessante de se observar. 

     O que eu exatamente gosto neste filme é o fato dele me suscitar a pensar sobre as questões da vida, a pergunta que me vem à cabeça é: "O que fazer quando nossa vida muda completamente? E quando nossos objetivos não podem mais ser os mesmos de antes?" Penso que este é o movimento da vida, feito de construções e desconstruções, e nós somos impulsionados pela vontade de estarmos vivos, o que é bastante visível nas personagens, principalmente por eles traçarem um curso diferente dos que lhe fora imposto e buscar viver as suas vidas por conta própria.
Até a próxima postagem!

Referências

Imagens
Google

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Autumn Falling Leaves Tree Branch