Venho novamente falar do meu "dear boy" Tim "Avicii" Bergling e, claro, trago nesta postagem o meu álbum favorito dele, o segundo e último álbum de estúdio que ele produziu em vida: Stories. Apesar de ter levado tempo para organizar, escrever e sintetizar ao máximo o que tenho para falar sobre esse álbum, não consegui e não consigo ser breve com as palavras quando se trata de algo que gosto tanto e que tenho apego e vínculo sentimental sobre. Com o Stories não foi diferente. Reuni e sintetizei nesta postagem o máximo de informações que consegui a respeito do álbum, das faixas e até dos vídeos. Além disso, por conhecer um pouco mais sobre o Tim, apresento minhas impressões e também algumas associações e interpretações pessoais sobre algumas faixas e a vida dele, algo que eu acredito ser a parte mais importante a ser exposta nesta postagem.
O álbum
Lançado em 2 de Outubro de 2015, Stories, em português "Histórias", fora lançado nas plataformas de streaming de música, para download digital e também em mídia física (CD), algo que não é tanto comum para artistas do gênero. Interessante que Tim compôs 50 músicas e dentre elas, escolheu quais iriam compor este álbum. Assim, Stories conta com 14 faixas na versão comum, e nas versões lançadas no Japão e na Rússia tem como bônus 3 faixas, dentre elas os singles The Days e The Nights lançados no ano anterior. Segue a lista completa das músicas abaixo:
1. Waiting For Love
2. Talk To Myself
3. Touch Me
4. Ten More Days
5. For A Better Day
6. Broken Arrows
7. True Believer
8. City Lights
9. Pure Grinding
10. Sunset Jesus
11. Can't Catch Me
12. Somewhere In Stockholm
13. Trouble
14. Gonna Love Ya
15. The Days (Bonus)
16. The Nights (Bonus)
17. Waiting For Love - Sam Feldt Remix (Bonus)
O álbum conta com participação de diversos artistas, principalmente quanto a produção e os vocais pois todas as músicas possuem letra. Em destaque a faixa Can't Catch Me tem como vocais Wyclef Jean e Matisyahu; a faixa True Believer tem vocais do Chris Martin e também do próprio Tim, única faixa que tem sua participação. As faixas Gonna Love Ya e Sunset Jesus tem os vocais de Sandro Cavazza. Por fim, a faixa The Days tem os vocais de Robbie Williams.
Primeiro single
Waiting For Love
Lançada em 22 de Maio 2015, Waiting For Love, em português "Esperando Por Amor" foi produzida em colaboração com o também famoso DJ Martin Garrix. Tal colaboração fora resultado do forte vínculo de amizade entre Martin e Tim, confirmado por este último em seu podcast Le7els. Nesta faixa os vocais são de Simon Alfred da banda Cherry Ghost, que também participou na composição das letras.
Em essência a música traz como mensagem a busca pelo sentimento amor em suas variadas formas e outras menções a perda, sentimentos, e também apresenta uma compreensão ambígua de nossa existência, como se houvessem pólos opostos sobre as mais variadas coisas e que no entanto não se encontram separadas, mas como parte de uma coisa só, como se fossem complementares. Segundo o Behind The Lyrics no Genius.com, Waiting For Love é uma das três únicas músicas que faz a menção em sequência aos dias da semana nas letras. Quanto ao trecho "I guess I won't be coming to church on Sunday [Eu acho que não irei à igreja no Domingo]", Tim relatou que embora não fosse uma pessoa religiosa, ele tinha alguns valores provenientes da religião e que eram bastante significativos pra ele, sendo assim a menção desta rotina fora uma reflexão disso.
Em essência a música traz como mensagem a busca pelo sentimento amor em suas variadas formas e outras menções a perda, sentimentos, e também apresenta uma compreensão ambígua de nossa existência, como se houvessem pólos opostos sobre as mais variadas coisas e que no entanto não se encontram separadas, mas como parte de uma coisa só, como se fossem complementares. Segundo o Behind The Lyrics no Genius.com, Waiting For Love é uma das três únicas músicas que faz a menção em sequência aos dias da semana nas letras. Quanto ao trecho "I guess I won't be coming to church on Sunday [Eu acho que não irei à igreja no Domingo]", Tim relatou que embora não fosse uma pessoa religiosa, ele tinha alguns valores provenientes da religião e que eram bastante significativos pra ele, sendo assim a menção desta rotina fora uma reflexão disso.
A faixa apresenta duas versões em vídeo no YouTube (aqui e aqui) e também 9 versões remix lançadas em dois EPs precedentes ao álbum. Stories possui como demais singles: For A Better Day (Spotify | Deezer | YouTube), Pure Grinding (Spotify | Deezer | YouTube) e Broken Arrows (Spotify | Deezer | YouTube).
Onde ouvir e baixar
Avicii, Stories e caridade
Desde que começou a adquirir fama e muitos bens, Tim iniciou investimentos em algumas causas de caridade que ele acreditava serem importantes. Em 2013 lançou o seu projeto X You que deu origem a música de mesmo nome cujos rendimentos totais com a faixa são doados até hoje para a sua fundação para ajudar a combater a fome de crianças no mundo: Hunger House. Com relação ao Stories, as faixas For A Better Day e Pure Grinding trazem breves menções às temáticas de violência contra crianças e trabalho escravo, respectivamente, e parte do dinheiro deste álbum se destina a fundações e ONGs que combatem ambas as práticas. Tim não divulgava abertamente sobre suas doações apesar de doar milhões para diversas organizações com causas similares. Com objetivo de continuar o que ele acreditava, este ano a família Bergling também criou uma nova fundação que se destina a ajudar pessoas com problemas de saúde mental e prevenção do suicídio: Tim Bergling Foundation. (Para quem quiser ler um pouco mais a respeito, acesse aqui e aqui).
Desde que começou a adquirir fama e muitos bens, Tim iniciou investimentos em algumas causas de caridade que ele acreditava serem importantes. Em 2013 lançou o seu projeto X You que deu origem a música de mesmo nome cujos rendimentos totais com a faixa são doados até hoje para a sua fundação para ajudar a combater a fome de crianças no mundo: Hunger House. Com relação ao Stories, as faixas For A Better Day e Pure Grinding trazem breves menções às temáticas de violência contra crianças e trabalho escravo, respectivamente, e parte do dinheiro deste álbum se destina a fundações e ONGs que combatem ambas as práticas. Tim não divulgava abertamente sobre suas doações apesar de doar milhões para diversas organizações com causas similares. Com objetivo de continuar o que ele acreditava, este ano a família Bergling também criou uma nova fundação que se destina a ajudar pessoas com problemas de saúde mental e prevenção do suicídio: Tim Bergling Foundation. (Para quem quiser ler um pouco mais a respeito, acesse aqui e aqui).
Minhas impressões: Tim Bergling e Stories
Como disse na introdução da postagem, resolvi apresentar algumas associações que eu mesma fiz após refletir a respeito do conteúdo apresentado no Stories e sua relação com o Tim, com base nas informações que se tem dele, principalmente de seu documentário Avicii: True Stories. O Stories é essencialmente histórias que o Tim queria contar, isso por si só já diz bastante coisa, sendo assim, selecionei as faixas que acredito estarem potencialmente associadas a sua própria história de vida embora ele não tenha exposto isso de forma mais explícita. Apesar de que Tim tenha escrito e produzido suas músicas em conjunto com diferentes colaboradores, ele estava presente em todas as etapas do processo, direcionando-o e decidindo cada parte de suas músicas. Para o Tim, o Stories representava o rumo que estava direcionando em suas composições e estilo musical, ele esperava que por meio deste álbum as pessoas pudessem entender que isso estava acontecendo, que ele estava mudando. Dentre as 50 músicas que compôs, ele escolheu aquelas que teve certeza que deveriam compor o Stories. Perceptivelmente, Tim tinha uma ligação com essas músicas em específico ao afirmar no vídeo de lançamento no Spotify: "Para mim, cada música... Eu amo." [To me, every song... I love].
Diante disso, apresento a seguir as letras originais em inglês, as letras traduzidas por mim e algumas informações e interpretações minhas sobre as faixas: Talk To Myself, Ten More Days, Sunset Jesus, Trouble, Gonna Love Ya e Somewhere In Stockholm.
Como disse na introdução da postagem, resolvi apresentar algumas associações que eu mesma fiz após refletir a respeito do conteúdo apresentado no Stories e sua relação com o Tim, com base nas informações que se tem dele, principalmente de seu documentário Avicii: True Stories. O Stories é essencialmente histórias que o Tim queria contar, isso por si só já diz bastante coisa, sendo assim, selecionei as faixas que acredito estarem potencialmente associadas a sua própria história de vida embora ele não tenha exposto isso de forma mais explícita. Apesar de que Tim tenha escrito e produzido suas músicas em conjunto com diferentes colaboradores, ele estava presente em todas as etapas do processo, direcionando-o e decidindo cada parte de suas músicas. Para o Tim, o Stories representava o rumo que estava direcionando em suas composições e estilo musical, ele esperava que por meio deste álbum as pessoas pudessem entender que isso estava acontecendo, que ele estava mudando. Dentre as 50 músicas que compôs, ele escolheu aquelas que teve certeza que deveriam compor o Stories. Perceptivelmente, Tim tinha uma ligação com essas músicas em específico ao afirmar no vídeo de lançamento no Spotify: "Para mim, cada música... Eu amo." [To me, every song... I love].
Diante disso, apresento a seguir as letras originais em inglês, as letras traduzidas por mim e algumas informações e interpretações minhas sobre as faixas: Talk To Myself, Ten More Days, Sunset Jesus, Trouble, Gonna Love Ya e Somewhere In Stockholm.
Talk To Myself
Verse 1: Alone, I'm searching for devotion / In a faded melody / My soul is trying to cross the ocean / Down on bended knee / Lock up my candance and rhyme / Don't know what I'm trying to say / All the time was stolen by bad poetry
[Verso 1: Sozinho, eu estou procurando por devoção / Em uma melodia que desvaneceu / Minha alma está tentando atravessar o oceano / De joelhos / Minha cadência e ritmo estão presos / Não sei o que eu estou tentando dizer / Todo esse tempo fui roubado por uma poesia de péssima qualidade]
Algo que é bem notável nesta música em específico é justamente a mensagem principal sobre não conseguir se expressar em palavras, algo que parece ser uma necessidade bem evidenciada e é frustrada, de modo a percebermos uma certa angústia por conta disso. Nas partes em negrito no verso 1 ilustra bem isso, de forma que parece estar querendo dizer algo e não encontra formas de fazê-lo. Interessante observar que "cadência" e "ritmo" são termos associados a música, algo que, tratando-se do Tim era sua forma principal e mais aperfeiçoada de expressão, e a partir desta letra sugere-se que até mesmo estes elementos parecem em dado momento não serem capazes de efetivarem uma forma de expor o que se sente, o que se tem vontade de dizer. O último trecho do verso 1 (em negrito) me chamou atenção justamente pelos termos "roubado" [stolen] e "poesia de péssima qualidade" [bad poetry], porque expressa um sentimento de inadequação ou até de se sentir sabotado pela forma de expressão que lhe é possível, e não parece satisfeito com ela. Me leva a pensar que em um dado momento o Tim se sentiu desta forma, afinal, a partir de suas falas no Avicii: True Stories, ele pouco expõe sobre sentimentos propriamente ditos, a ponto de não fazer referências diretas a eles, e ao mesmo tempo, é possível perceber a necessidade tão grande que ele tinha em estar produzindo música, ou seja, se expressando na forma que lhe era possível.
Chorus: Some nights I talk to myself / I say the words that I could say to no one else / Some nights I talk in my sleep / I say the words I never said when you were with me (2x)
[Refrão: Algumas noites eu falo comigo mesmo / Eu digo as palavras que não poderia dizer a mais ninguém / Algumas noites eu falo enquanto durmo / Eu digo as palavras que nunca disse quando você estava comigo (2x)]
O refrão em si me chama muita atenção principalmente pelo conteúdo que se tem. Afinal o refrão em uma música é algo que se repete logo, o que dá a intensidade à mensagem que quer ser passada na música. Neste caso, o refrão se relaciona diretamente com o verso 1 que fala da incapacidade de se expressar. No refrão traz a ideia justamente do expressar-se no momento mais oportuno, que é consigo mesmo ou quando não há alguém por perto, mesmo sendo uma pessoa com a qual se tem uma relação de proximidade. Essa questão do guardar algumas coisas para si mesmo é uma característica bastante relacionada a introversão, característica que o Tim atribuía a si mesmo. A escolha do 'não dizer' a alguém pode ter variados motivos, dentre os quais podemos pensar no receio de não ter um espaço de aceitação e de acolhimento para o que se quer dizer, que muitas das vezes em nosso universo particular podemos pensar que há coisas em nós que outras pessoas não aceitariam, teriam reações com as quais nos constrangeria, etc. No caso dele, não tem como se saber ao certo, mas ao que parece ele deveria guardar muita coisa para si mesmo, o que poderia estar potencialmente relacionado à sua saúde mental.
Verse 2: I'm gone, the nightmares cut me open / Love's insanity / So long, words are left unspoken / I coudn't set them free / Watch all the language run dry, thoughts go on a holiday / I'm left with a broken vocabulary
[Verso 2: Eu fui embora, os pesadelos me cortaram e deixaram meu interior exposto / Insanidade do amor / Por muito tempo, as palavras ficaram não ditas / Eu não pude libertá-las / Assisto toda a linguagem se esgotar, pensamentos saem de férias / Eu sou deixado com um vocabulário danificado]
A última parte da letra é bem interessante porque reafirma a questão do 'não dizer' e de como há esse anseio e angústia de não ter se expressado ou de não poder fazê-lo: os trechos em negrito acima podem ser a maior expressão disso, talvez da vontade não tão exposta de conseguir dizer e se expressar da forma que considere mais coerente com o que se sente. Minhas reflexões sobre toda a letra em si são bem grandes, pelo conteúdo e pela forma como fora escrita. Eu a considero como o poema em formato de música, pelo conteúdo que é fantástico, e por conta disso, me leva a pensar que talvez o Tim tenha tentado expressar um pouco do que ele estava vivenciando em sua vida que fora conflituosa e conturbada em vários momentos, como apresentado em seu documentário.
Ten More Days
Verse 1: Ten more days under water / And I already know / I'll be fine / Ten more days till it's over / Till the darkness goes / And I see the light
[Verso 1: Mais dez dias abaixo d'água / E eu já sei / Eu vou ficar bem / Mais dez dias até que isso acabe / Até que a escuridão se vá / E eu veja a luz]
Pre-chorus: I'm torn between fulfilling my wildest dreams / To satisfy the beast inside of me / And a grounded love that raises me high above / The grabbing hands of cowards and of thieves
[Pré-refrão: Eu estou dividido entre realizar meus sonhos mais ferozes / Para satisfazer a fera dentro de mim / E um amor consolidado (ou genuíno) que me levanta para além / Das mãos dos covardes e dos ladrões]
A princípio decidi incluir esta música na lista devido estar presente na trilha sonora do documentário Avicii: True Stories durante as cenas talvez de maior conflito e exaustão do Tim, fato que deu mais luz para os significados trazidos na letra. Diferente de Talk To Myself, tenho poucas reflexões a respeito do conteúdo apresentado, no entanto esta letra em específico me traz esse conteúdo de tentar sobreviver a algo que no momento é difícil [verso 1] e também uma ambivalência apresentada de modo bem figurativo no pré-refrão (em negrito), e, tanto pelo ritmo da música e pela forma como se dão os vocais dá uma impressão de angústia. Também observo no pré-refrão a questão da indecisão para qual lado ceder diante da menção a estar "dividido" [torn], o que me remete justamente as cenas no documentário no qual esta música aparece: nos momentos bem tensos do Tim em relação a sua carreira na música e também quando tentou desistir de ser DJ. O interessante também que quando ele desistiu, ele não sabia o que fazer depois disso, se não queria mais ser DJ, o que poderia ser? O que queria fazer? Parece que só sabia que não queria mais ter de passar por algumas circunstâncias. Me leva a pensar que poderia estar se referindo a essa ambivalência e indecisão, bem como da angústia proveniente delas.
Chorus: Ten more days to find my way / Ten more days till I'm awake / Ten more days I don't have to fight / I don't need a future king / There ain't a prayer that a could sing / Ten more days and I'm gonna make it right
[Refrão: Mais dez dias para encontrar meu caminho / Mais dez dias até eu estar acordado / Mais dez dias que não tenho de lutar / Eu não preciso de um futuro majestoso (ou grandioso) / Não há uma oração que eu não possa cantar / Mais dez dias e eu farei dar certo]
Verse 2: You see my conscience betrayed me / But baby I'm strong enough / To take the tides / The bed, it trembles beneath me / But wherever the road is rough / You know I'll rise
[Verso 2: Veja, minha consciência me traiu / Mas baby eu sou forte o suficiente para aguentar a correnteza / A cama, ela treme abaixo de mim / Mas sempre que a estrada é dura / Você sabe, eu vou me levantar]
No refrão (trecho em negrito) acho bem evidente o conteúdo sobre tentar se encontrar ou achar o que queira seguir, algo que parece ter um prazo definido para se fazer; também evidencia o que não se quer fazer, coisas que, como mencionei anteriormente, pareciam evidentes nele do documentário, principalmente durante o período em que tentou encerrar sua carreira, mais especificamente em 2014. Mas no verso 2, indica que apesar dos conflitos ele escolhe continuar mesmo que seja tão penoso, algo que o Tim realmente fez após retornar às turnês e shows em 2015, ano de lançamento deste álbum.
Sunset Jesus
Verse 1: Try'na set myself up for the win / So people got a dream that's so much bigger than the town they're in / So give me love, give me love, give me peace, give piece of mind / I know that there's an ought to a start and I need a little help with mine
[Verso 1: Tentando me motivar (ou me estabilizar) para a vitória / As pessoas têm um sonho que é muito maior que a cidade na qual elas estão / Então, me dê amor, me dê paz, me dê tranquilidade / Eu sei que há um dever com o começo e eu preciso de uma pequena ajuda com o meu]
Pre-chorus: California, don't let me down / Seems so golden, but there's struggle all around / Sunset Jesus came to me / He once was a waiter, now he's a savior making money on the street
[Pré-refrão: Califórnia, não me decepcione / Parece tão dourada, mas há conflito em todo lugar/ Sunset Jesus, veio até mim / Ele foi uma vez um garçom, agora ele é um salvador que ganha dinheiro na rua]
Sunset Jesus me levou mais tempo para poder expressar melhor a reflexão e as impressões que tenho a respeito do conteúdo trazido nas letras, uma vez que Sunset Jesus é como ele nomeia um personagem em específico que ele pode ter criado para ilustrar uma metáfora sobre o sucesso e o fracasso. A própria ideia da metáfora de Sunset Jesus para mim é de fato um pouco estranha, ainda não compreendo com clareza o que de fato ele quis dizer com isso, eu apenas especulo que se trate de algo relacionado a diferentes perspectivas, uma vez que o personagem Sunset Jesus parece estar seguindo seu sonho, deixa de ser alguém comum e se destaca por isso, pode ser um sucesso ou fracasso dependendo do ponto de vista. É o que eu penso. Associado a esta ideia, o verso 1 traz conteúdos relacionados a motivação para começar e continuar, e aparentemente não se sente seguro o suficiente para fazer isso sozinho e pede algumas coisas para que possa fazê-lo: amor [love], paz [peace], e tranquilidade [piece of mind]. E tal fato me remete a pensar que o Tim esteja falando de si próprio nestas letras se dá justamente devido a menção à Califórnia no pré-refrão, afinal Los Angeles, capital da Califórnia, era aonde ficava seu estúdio, gravadora e onde residiu também. Interessante que ele define a Califórnia como um lugar que pode chamar atenção mas tem o seu outro lado: "conflito em todo lugar" [struggle all around].
Chorus: My dreams are made of gold / My heart has been broken and I'm down along the road / But I know, my dreams keep fading till I get old / Breathe for a minute, breathe for a minute, I'll be okay
[Refrão: Meus sonhos são feitos de ouro / Meu coração já está partido e eu estou triste ao longo do caminho / Mas eu sei, meus sonhos estão desaparecendo conforme eu envelheço / Respire por um minuto, respire por um minuto, eu vou ficar bem]
Verse 2: Staring at the billboard from the bus / Looking at the faces, thinking that could be anyone of us / So give me hope, give me hope on this lonely ride / Cause I know one day, I will be the one in the sky
[Verso 2: Olho fixamente para o outdoor de dentro do ônibus / Olho para os rostos, penso que poderia ser qualquer um de nós / Então me dê esperança, me dê esperança nessa jornada solitária / Porque eu sei que um dia, eu serei o único no céu]
Algo que me chama atenção no refrão é o trecho "Respire por um minuto, eu vou ficar bem" [Breathe for a minute, I'll be okay] (em negrito) por se tratar de uma referência direta a ansiedade, afinal cansaço, respiração ofegante e taquicardia são sintomas comuns de crise de ansiedade e apresentam o método de respiração como técnica para tentar contorná-los. E ansiedade era senão uma das maiores queixas do Tim durante quase todo o seu documentário. A crise de ansiedade também pode ser associada a sucessivos pensamentos negativos, sendo assim o que precede a frase no refrão são situações que geram angústia portanto são fatores que podem influenciar uma crise de ansiedade. Além do fato de que ele não parece estar bem com o presente e com o percurso que está fazendo, de fato ele estava se sentindo assim? É possível. O verso 2 complementa a ideia trazida no refrão sobre preocupação com sua situação atual, e também remete a ideia de insegurança em continuar mencionada no verso 1, e agora soa de forma mais triste e angustiante quando se nota o pedido de esperança [hope] e a menção à solidão [lonely] no trecho em negrito do verso 2. Repetindo: será que ele se sentia assim? É bem provável, e poderia estar expressando isso por meio das letras nesta música em específico.
Trouble
Verse 1: I've been a beggar and I've been a king / I've been a loner and I've worn the ring / Losing myself just to find me again / I'm a million miles smarter, but ain't learnt a thing / I've been a teacher and a student of hurt / I've kept my word for whatever what's worth / Never been last, but I've never been first / No, I may not be the best, but I'm far from the worst / No, I may not be the best, but I'm far from the worst
[Verso 1: Eu tenho sido um mendigo e eu tenho sido um rei / Eu tenho estado sozinho e eu tenho me comprometido com alguém / Me perder só para me encontrar de novo / Eu sou um milhão de milhas mais inteligente, mas eu não aprendi nada / Eu tenho sido um professor e um estudante da dor / Eu tenho dado a minha palavra para qualquer coisa que valha a pena / Nunca fui o último, mas eu nunca fui o primeiro / Não, eu talvez não seja o melhor, mas estou longe de ser o pior / Não, eu talvez não seja o melhor, mas estou longe de ser o pior]
Chorus: I've seen trouble more than any man should bear / But I've seen enough joy, I've had more than my share / And I'm still not done, I'm halfway there / I'm a million miles ahead of where I came from / But there's still another million miles to come
[Refrão: Eu tenho visto dificuldades mais que qualquer homem deveria suportar / Mas eu tenho visto felicidade suficiente, eu tive mais do que deveria / E ainda não terminei, eu estou na metade do caminho / Eu estou milhões de milhas a frente do lugar de onde eu vim / Mas ainda há outras milhões de milhas por vir]
Essa música em específico creio que seja a mais otimista e com perspectiva mais positiva de todo o álbum mesmo que apresente sentimentos ambíguos quanto a própria jornada que se segue. Quanto ao verso 1, o tempo verbal utilizado [Past Perfect Continuous - has been] indica que a ação iniciou em algum momento no passado e este tempo verbal é utilizado nas contradições apresentadas nos trechos da música, o que pode indicar que esteja se referindo a forma como está se dando a sua jornada, principalmente por ser o tema tratado no refrão. Quanto a contradição presente nos termos "loner" e "worn the ring" fez com que encontrasse como tradução mais adequada os correspondentes "sozinho" e "comprometido com alguém", já que "loner" se refere a solidão e a introversão e o "worn the ring" é uma expressão para se referir a um tipo de compromisso ou laço de natureza afetiva com outra pessoa.
O conteúdo final do verso 1 somado ao refrão soam em tom motivador e expõem novamente a contradição presente no início do verso 1. E esta contradição entre momentos bons e ruins, dificuldades e felicidade me remete novamente às próprias contradições apresentadas no documentário Avicii: True Stories em diversas cenas, do começo ao fim, de forma que expõe o quanto Tim gostava do que fazia e dizia estar fazendo o seu melhor, enquanto que, ao mesmo tempo, estava constantemente desgastado devido aos shows e outras atividades relacionadas a sua carreira, assim como problemas provenientes da própria carreira que entravam em conflito com sua personalidade, de modo que chegou a afirmar que era "estranho" ser o "Avicii" pois a imagem que as pessoas tinham dele não era a mesma do "Tim". Assim como qualquer jornada, seguir o seu (até então) sonho de ser DJ teve seus altos e baixos, tiveram coisas que ganhou e outras que teve que abrir mão.
Verse 2: I keep on searching for the city of gold / And I'm gonna follow this yellow brick road / Thinking that maybe, it might lead me home / I'm a million miles farther and a long way from home / I know that there's a plan that goes beyond mine / Got to step back just to see the design / The mind fears the heart, but the heart doesn't mind / No, I may not be perfect, but I'm loving this life / No, I may not be perfect, but I'm loving this life
[Verso 2: Eu continuo procurando pela cidade de ouro / E eu vou seguir essa estrada de tijolos amarelos / Pensando que talvez, isso poderia me levar para casa / Eu estou milhões de milhas distante e a um longo caminho de casa / Eu sei que há um plano que vai além do meu / Dar um passo para trás apenas para ver o projeto / A mente teme o coração, mas o coração não se importa / Não, eu posso não ser perfeito, mas estou amando esta vida / Não, eu posso não ser perfeito, mas estou amando esta vida]
O verso 2 é o mais metafórico na música, principalmente pelo trecho "E eu vou seguir essa estrada de tijolos amarelos" [And I'm gonna follow this yellow brick road] que faz referência a uma das passagens mais conhecidas do livro O Mágico de Oz (mais informação sobre nesse link aqui). Apesar de não ter lido o livro para poder fazer uma reflexão maior sobre o simbolismo da estrada dos tijolos amarelos, ela é conhecida por ser o caminho que a personagem Dorothy busca e segue até chegar ao seu destino que é a Cidade das Esmeraldas e, ao que parece se trata de um caminho longo que apresenta diversos dificuldades em seu decorrer. Sendo assim, a estrada de Dorothy sugere uma metáfora para o percurso para alcançar nossos objetivos pessoais e sonhos, por não se tratar de algo que se faça sem adversidades. O interessante no verso 2 é que além de mencionar a Estrada dos Tijolos Amarelos, o destino dela é estabelecido como "casa" [home], com relação a isso a questão do lar, casa e pertencer a algum lugar é bastante visível no discurso do Tim em seu documentário, visto que no início de Avicii: True Stories, ele apresenta uma visível queixa sobre passar anos fazendo viagens, em turnê e tendo poucas semanas livre e, por conta disso, ele afirma não ter estalecido um "lar" [home] em "lugar nenhum", além disso quando retornou à sua cidade natal, Estocolmo, 4 anos depois de ter saído dela, sentiu como não fosse mais a sua "casa" [home]. Percebo então que na música se reverbera esse sentimento e reforça a ideia do pertencer e que ainda está se buscando, e ele espera que isso esteja ao final de sua jornada, algo que o motiva a não desistir. Ele aparenta ter esperança de que irá conseguir alcançar um lugar aonde queira pertencer e chame de "casa" [home]. Apesar de ele não ter dito que seria este sentido, me parece tão explícito quando feita a associação da letra e seu relato feito no documentário.
Verse 1: Alone, I'm searching for devotion / In a faded melody / My soul is trying to cross the ocean / Down on bended knee / Lock up my candance and rhyme / Don't know what I'm trying to say / All the time was stolen by bad poetry
[Verso 1: Sozinho, eu estou procurando por devoção / Em uma melodia que desvaneceu / Minha alma está tentando atravessar o oceano / De joelhos / Minha cadência e ritmo estão presos / Não sei o que eu estou tentando dizer / Todo esse tempo fui roubado por uma poesia de péssima qualidade]
Algo que é bem notável nesta música em específico é justamente a mensagem principal sobre não conseguir se expressar em palavras, algo que parece ser uma necessidade bem evidenciada e é frustrada, de modo a percebermos uma certa angústia por conta disso. Nas partes em negrito no verso 1 ilustra bem isso, de forma que parece estar querendo dizer algo e não encontra formas de fazê-lo. Interessante observar que "cadência" e "ritmo" são termos associados a música, algo que, tratando-se do Tim era sua forma principal e mais aperfeiçoada de expressão, e a partir desta letra sugere-se que até mesmo estes elementos parecem em dado momento não serem capazes de efetivarem uma forma de expor o que se sente, o que se tem vontade de dizer. O último trecho do verso 1 (em negrito) me chamou atenção justamente pelos termos "roubado" [stolen] e "poesia de péssima qualidade" [bad poetry], porque expressa um sentimento de inadequação ou até de se sentir sabotado pela forma de expressão que lhe é possível, e não parece satisfeito com ela. Me leva a pensar que em um dado momento o Tim se sentiu desta forma, afinal, a partir de suas falas no Avicii: True Stories, ele pouco expõe sobre sentimentos propriamente ditos, a ponto de não fazer referências diretas a eles, e ao mesmo tempo, é possível perceber a necessidade tão grande que ele tinha em estar produzindo música, ou seja, se expressando na forma que lhe era possível.
Chorus: Some nights I talk to myself / I say the words that I could say to no one else / Some nights I talk in my sleep / I say the words I never said when you were with me (2x)
[Refrão: Algumas noites eu falo comigo mesmo / Eu digo as palavras que não poderia dizer a mais ninguém / Algumas noites eu falo enquanto durmo / Eu digo as palavras que nunca disse quando você estava comigo (2x)]
O refrão em si me chama muita atenção principalmente pelo conteúdo que se tem. Afinal o refrão em uma música é algo que se repete logo, o que dá a intensidade à mensagem que quer ser passada na música. Neste caso, o refrão se relaciona diretamente com o verso 1 que fala da incapacidade de se expressar. No refrão traz a ideia justamente do expressar-se no momento mais oportuno, que é consigo mesmo ou quando não há alguém por perto, mesmo sendo uma pessoa com a qual se tem uma relação de proximidade. Essa questão do guardar algumas coisas para si mesmo é uma característica bastante relacionada a introversão, característica que o Tim atribuía a si mesmo. A escolha do 'não dizer' a alguém pode ter variados motivos, dentre os quais podemos pensar no receio de não ter um espaço de aceitação e de acolhimento para o que se quer dizer, que muitas das vezes em nosso universo particular podemos pensar que há coisas em nós que outras pessoas não aceitariam, teriam reações com as quais nos constrangeria, etc. No caso dele, não tem como se saber ao certo, mas ao que parece ele deveria guardar muita coisa para si mesmo, o que poderia estar potencialmente relacionado à sua saúde mental.
Verse 2: I'm gone, the nightmares cut me open / Love's insanity / So long, words are left unspoken / I coudn't set them free / Watch all the language run dry, thoughts go on a holiday / I'm left with a broken vocabulary
[Verso 2: Eu fui embora, os pesadelos me cortaram e deixaram meu interior exposto / Insanidade do amor / Por muito tempo, as palavras ficaram não ditas / Eu não pude libertá-las / Assisto toda a linguagem se esgotar, pensamentos saem de férias / Eu sou deixado com um vocabulário danificado]
A última parte da letra é bem interessante porque reafirma a questão do 'não dizer' e de como há esse anseio e angústia de não ter se expressado ou de não poder fazê-lo: os trechos em negrito acima podem ser a maior expressão disso, talvez da vontade não tão exposta de conseguir dizer e se expressar da forma que considere mais coerente com o que se sente. Minhas reflexões sobre toda a letra em si são bem grandes, pelo conteúdo e pela forma como fora escrita. Eu a considero como o poema em formato de música, pelo conteúdo que é fantástico, e por conta disso, me leva a pensar que talvez o Tim tenha tentado expressar um pouco do que ele estava vivenciando em sua vida que fora conflituosa e conturbada em vários momentos, como apresentado em seu documentário.
Ten More Days
Verse 1: Ten more days under water / And I already know / I'll be fine / Ten more days till it's over / Till the darkness goes / And I see the light
[Verso 1: Mais dez dias abaixo d'água / E eu já sei / Eu vou ficar bem / Mais dez dias até que isso acabe / Até que a escuridão se vá / E eu veja a luz]
Pre-chorus: I'm torn between fulfilling my wildest dreams / To satisfy the beast inside of me / And a grounded love that raises me high above / The grabbing hands of cowards and of thieves
[Pré-refrão: Eu estou dividido entre realizar meus sonhos mais ferozes / Para satisfazer a fera dentro de mim / E um amor consolidado (ou genuíno) que me levanta para além / Das mãos dos covardes e dos ladrões]
A princípio decidi incluir esta música na lista devido estar presente na trilha sonora do documentário Avicii: True Stories durante as cenas talvez de maior conflito e exaustão do Tim, fato que deu mais luz para os significados trazidos na letra. Diferente de Talk To Myself, tenho poucas reflexões a respeito do conteúdo apresentado, no entanto esta letra em específico me traz esse conteúdo de tentar sobreviver a algo que no momento é difícil [verso 1] e também uma ambivalência apresentada de modo bem figurativo no pré-refrão (em negrito), e, tanto pelo ritmo da música e pela forma como se dão os vocais dá uma impressão de angústia. Também observo no pré-refrão a questão da indecisão para qual lado ceder diante da menção a estar "dividido" [torn], o que me remete justamente as cenas no documentário no qual esta música aparece: nos momentos bem tensos do Tim em relação a sua carreira na música e também quando tentou desistir de ser DJ. O interessante também que quando ele desistiu, ele não sabia o que fazer depois disso, se não queria mais ser DJ, o que poderia ser? O que queria fazer? Parece que só sabia que não queria mais ter de passar por algumas circunstâncias. Me leva a pensar que poderia estar se referindo a essa ambivalência e indecisão, bem como da angústia proveniente delas.
Chorus: Ten more days to find my way / Ten more days till I'm awake / Ten more days I don't have to fight / I don't need a future king / There ain't a prayer that a could sing / Ten more days and I'm gonna make it right
[Refrão: Mais dez dias para encontrar meu caminho / Mais dez dias até eu estar acordado / Mais dez dias que não tenho de lutar / Eu não preciso de um futuro majestoso (ou grandioso) / Não há uma oração que eu não possa cantar / Mais dez dias e eu farei dar certo]
Verse 2: You see my conscience betrayed me / But baby I'm strong enough / To take the tides / The bed, it trembles beneath me / But wherever the road is rough / You know I'll rise
[Verso 2: Veja, minha consciência me traiu / Mas baby eu sou forte o suficiente para aguentar a correnteza / A cama, ela treme abaixo de mim / Mas sempre que a estrada é dura / Você sabe, eu vou me levantar]
No refrão (trecho em negrito) acho bem evidente o conteúdo sobre tentar se encontrar ou achar o que queira seguir, algo que parece ter um prazo definido para se fazer; também evidencia o que não se quer fazer, coisas que, como mencionei anteriormente, pareciam evidentes nele do documentário, principalmente durante o período em que tentou encerrar sua carreira, mais especificamente em 2014. Mas no verso 2, indica que apesar dos conflitos ele escolhe continuar mesmo que seja tão penoso, algo que o Tim realmente fez após retornar às turnês e shows em 2015, ano de lançamento deste álbum.
Sunset Jesus
Verse 1: Try'na set myself up for the win / So people got a dream that's so much bigger than the town they're in / So give me love, give me love, give me peace, give piece of mind / I know that there's an ought to a start and I need a little help with mine
[Verso 1: Tentando me motivar (ou me estabilizar) para a vitória / As pessoas têm um sonho que é muito maior que a cidade na qual elas estão / Então, me dê amor, me dê paz, me dê tranquilidade / Eu sei que há um dever com o começo e eu preciso de uma pequena ajuda com o meu]
Pre-chorus: California, don't let me down / Seems so golden, but there's struggle all around / Sunset Jesus came to me / He once was a waiter, now he's a savior making money on the street
[Pré-refrão: Califórnia, não me decepcione / Parece tão dourada, mas há conflito em todo lugar/ Sunset Jesus, veio até mim / Ele foi uma vez um garçom, agora ele é um salvador que ganha dinheiro na rua]
Sunset Jesus me levou mais tempo para poder expressar melhor a reflexão e as impressões que tenho a respeito do conteúdo trazido nas letras, uma vez que Sunset Jesus é como ele nomeia um personagem em específico que ele pode ter criado para ilustrar uma metáfora sobre o sucesso e o fracasso. A própria ideia da metáfora de Sunset Jesus para mim é de fato um pouco estranha, ainda não compreendo com clareza o que de fato ele quis dizer com isso, eu apenas especulo que se trate de algo relacionado a diferentes perspectivas, uma vez que o personagem Sunset Jesus parece estar seguindo seu sonho, deixa de ser alguém comum e se destaca por isso, pode ser um sucesso ou fracasso dependendo do ponto de vista. É o que eu penso. Associado a esta ideia, o verso 1 traz conteúdos relacionados a motivação para começar e continuar, e aparentemente não se sente seguro o suficiente para fazer isso sozinho e pede algumas coisas para que possa fazê-lo: amor [love], paz [peace], e tranquilidade [piece of mind]. E tal fato me remete a pensar que o Tim esteja falando de si próprio nestas letras se dá justamente devido a menção à Califórnia no pré-refrão, afinal Los Angeles, capital da Califórnia, era aonde ficava seu estúdio, gravadora e onde residiu também. Interessante que ele define a Califórnia como um lugar que pode chamar atenção mas tem o seu outro lado: "conflito em todo lugar" [struggle all around].
Chorus: My dreams are made of gold / My heart has been broken and I'm down along the road / But I know, my dreams keep fading till I get old / Breathe for a minute, breathe for a minute, I'll be okay
[Refrão: Meus sonhos são feitos de ouro / Meu coração já está partido e eu estou triste ao longo do caminho / Mas eu sei, meus sonhos estão desaparecendo conforme eu envelheço / Respire por um minuto, respire por um minuto, eu vou ficar bem]
Verse 2: Staring at the billboard from the bus / Looking at the faces, thinking that could be anyone of us / So give me hope, give me hope on this lonely ride / Cause I know one day, I will be the one in the sky
[Verso 2: Olho fixamente para o outdoor de dentro do ônibus / Olho para os rostos, penso que poderia ser qualquer um de nós / Então me dê esperança, me dê esperança nessa jornada solitária / Porque eu sei que um dia, eu serei o único no céu]
Algo que me chama atenção no refrão é o trecho "Respire por um minuto, eu vou ficar bem" [Breathe for a minute, I'll be okay] (em negrito) por se tratar de uma referência direta a ansiedade, afinal cansaço, respiração ofegante e taquicardia são sintomas comuns de crise de ansiedade e apresentam o método de respiração como técnica para tentar contorná-los. E ansiedade era senão uma das maiores queixas do Tim durante quase todo o seu documentário. A crise de ansiedade também pode ser associada a sucessivos pensamentos negativos, sendo assim o que precede a frase no refrão são situações que geram angústia portanto são fatores que podem influenciar uma crise de ansiedade. Além do fato de que ele não parece estar bem com o presente e com o percurso que está fazendo, de fato ele estava se sentindo assim? É possível. O verso 2 complementa a ideia trazida no refrão sobre preocupação com sua situação atual, e também remete a ideia de insegurança em continuar mencionada no verso 1, e agora soa de forma mais triste e angustiante quando se nota o pedido de esperança [hope] e a menção à solidão [lonely] no trecho em negrito do verso 2. Repetindo: será que ele se sentia assim? É bem provável, e poderia estar expressando isso por meio das letras nesta música em específico.
Trouble
Verse 1: I've been a beggar and I've been a king / I've been a loner and I've worn the ring / Losing myself just to find me again / I'm a million miles smarter, but ain't learnt a thing / I've been a teacher and a student of hurt / I've kept my word for whatever what's worth / Never been last, but I've never been first / No, I may not be the best, but I'm far from the worst / No, I may not be the best, but I'm far from the worst
[Verso 1: Eu tenho sido um mendigo e eu tenho sido um rei / Eu tenho estado sozinho e eu tenho me comprometido com alguém / Me perder só para me encontrar de novo / Eu sou um milhão de milhas mais inteligente, mas eu não aprendi nada / Eu tenho sido um professor e um estudante da dor / Eu tenho dado a minha palavra para qualquer coisa que valha a pena / Nunca fui o último, mas eu nunca fui o primeiro / Não, eu talvez não seja o melhor, mas estou longe de ser o pior / Não, eu talvez não seja o melhor, mas estou longe de ser o pior]
Chorus: I've seen trouble more than any man should bear / But I've seen enough joy, I've had more than my share / And I'm still not done, I'm halfway there / I'm a million miles ahead of where I came from / But there's still another million miles to come
[Refrão: Eu tenho visto dificuldades mais que qualquer homem deveria suportar / Mas eu tenho visto felicidade suficiente, eu tive mais do que deveria / E ainda não terminei, eu estou na metade do caminho / Eu estou milhões de milhas a frente do lugar de onde eu vim / Mas ainda há outras milhões de milhas por vir]
Essa música em específico creio que seja a mais otimista e com perspectiva mais positiva de todo o álbum mesmo que apresente sentimentos ambíguos quanto a própria jornada que se segue. Quanto ao verso 1, o tempo verbal utilizado [Past Perfect Continuous - has been] indica que a ação iniciou em algum momento no passado e este tempo verbal é utilizado nas contradições apresentadas nos trechos da música, o que pode indicar que esteja se referindo a forma como está se dando a sua jornada, principalmente por ser o tema tratado no refrão. Quanto a contradição presente nos termos "loner" e "worn the ring" fez com que encontrasse como tradução mais adequada os correspondentes "sozinho" e "comprometido com alguém", já que "loner" se refere a solidão e a introversão e o "worn the ring" é uma expressão para se referir a um tipo de compromisso ou laço de natureza afetiva com outra pessoa.
O conteúdo final do verso 1 somado ao refrão soam em tom motivador e expõem novamente a contradição presente no início do verso 1. E esta contradição entre momentos bons e ruins, dificuldades e felicidade me remete novamente às próprias contradições apresentadas no documentário Avicii: True Stories em diversas cenas, do começo ao fim, de forma que expõe o quanto Tim gostava do que fazia e dizia estar fazendo o seu melhor, enquanto que, ao mesmo tempo, estava constantemente desgastado devido aos shows e outras atividades relacionadas a sua carreira, assim como problemas provenientes da própria carreira que entravam em conflito com sua personalidade, de modo que chegou a afirmar que era "estranho" ser o "Avicii" pois a imagem que as pessoas tinham dele não era a mesma do "Tim". Assim como qualquer jornada, seguir o seu (até então) sonho de ser DJ teve seus altos e baixos, tiveram coisas que ganhou e outras que teve que abrir mão.
Verse 2: I keep on searching for the city of gold / And I'm gonna follow this yellow brick road / Thinking that maybe, it might lead me home / I'm a million miles farther and a long way from home / I know that there's a plan that goes beyond mine / Got to step back just to see the design / The mind fears the heart, but the heart doesn't mind / No, I may not be perfect, but I'm loving this life / No, I may not be perfect, but I'm loving this life
[Verso 2: Eu continuo procurando pela cidade de ouro / E eu vou seguir essa estrada de tijolos amarelos / Pensando que talvez, isso poderia me levar para casa / Eu estou milhões de milhas distante e a um longo caminho de casa / Eu sei que há um plano que vai além do meu / Dar um passo para trás apenas para ver o projeto / A mente teme o coração, mas o coração não se importa / Não, eu posso não ser perfeito, mas estou amando esta vida / Não, eu posso não ser perfeito, mas estou amando esta vida]
O verso 2 é o mais metafórico na música, principalmente pelo trecho "E eu vou seguir essa estrada de tijolos amarelos" [And I'm gonna follow this yellow brick road] que faz referência a uma das passagens mais conhecidas do livro O Mágico de Oz (mais informação sobre nesse link aqui). Apesar de não ter lido o livro para poder fazer uma reflexão maior sobre o simbolismo da estrada dos tijolos amarelos, ela é conhecida por ser o caminho que a personagem Dorothy busca e segue até chegar ao seu destino que é a Cidade das Esmeraldas e, ao que parece se trata de um caminho longo que apresenta diversos dificuldades em seu decorrer. Sendo assim, a estrada de Dorothy sugere uma metáfora para o percurso para alcançar nossos objetivos pessoais e sonhos, por não se tratar de algo que se faça sem adversidades. O interessante no verso 2 é que além de mencionar a Estrada dos Tijolos Amarelos, o destino dela é estabelecido como "casa" [home], com relação a isso a questão do lar, casa e pertencer a algum lugar é bastante visível no discurso do Tim em seu documentário, visto que no início de Avicii: True Stories, ele apresenta uma visível queixa sobre passar anos fazendo viagens, em turnê e tendo poucas semanas livre e, por conta disso, ele afirma não ter estalecido um "lar" [home] em "lugar nenhum", além disso quando retornou à sua cidade natal, Estocolmo, 4 anos depois de ter saído dela, sentiu como não fosse mais a sua "casa" [home]. Percebo então que na música se reverbera esse sentimento e reforça a ideia do pertencer e que ainda está se buscando, e ele espera que isso esteja ao final de sua jornada, algo que o motiva a não desistir. Ele aparenta ter esperança de que irá conseguir alcançar um lugar aonde queira pertencer e chame de "casa" [home]. Apesar de ele não ter dito que seria este sentido, me parece tão explícito quando feita a associação da letra e seu relato feito no documentário.
Gonna Love Ya
Chorus: I'm gonna love ya, like no one could / Make your heart feel the way it should / I'm gonna hold ya, like no one would / 'Cause I swear you deserve so good
[Refrão: Eu vou te amar, como ninguém mais poderia / Fazer com que seu coração se sinta da forma como deveria / Porque eu juro, você merece tudo de bom]
Verse 1: Livin' up in California / Lovin' life but I've been waiting for ya / To turn my dreams and twist my fate / But God I hope it's not too late
[Verso 1: Vivendo na Califórnia / Amando a vida mas eu estava esperando por você / Transforme (ou mude de direção) os meus sonhos e distorça meu destino / Mas, Deus, eu espero que não seja tarde demais]
Pre-chorus: I'm gonna love ya, I'm gonna love ya / I'm gonna love ya like no one could
[Pré-refrão: Eu vou te amar, eu vou te amar / Eu vou te amar, como ninguém mais poderia]
Verse 2 Sometimes it's hard to have the upper hand/ When every dream you've had is turning into sand / You need someone to make your day / But he took your breath and blew it away
[Verso 2: Às vezes é difícil ter o poder para controlar / Quando todo sonho que você teve está se transformando em areia / Você precisa de alguém para te fazer feliz (ou te encorajar) / Mas ele tirou seu fôlego e mandou para longe]Chorus: I'm gonna love ya, like no one could / Make your heart feel the way it should / I'm gonna hold ya, like no one would / 'Cause I swear you deserve so good
[Refrão: Eu vou te amar, como ninguém mais poderia / Fazer com que seu coração se sinta da forma como deveria / Porque eu juro, você merece tudo de bom]
Verse 1: Livin' up in California / Lovin' life but I've been waiting for ya / To turn my dreams and twist my fate / But God I hope it's not too late
[Verso 1: Vivendo na Califórnia / Amando a vida mas eu estava esperando por você / Transforme (ou mude de direção) os meus sonhos e distorça meu destino / Mas, Deus, eu espero que não seja tarde demais]
Pre-chorus: I'm gonna love ya, I'm gonna love ya / I'm gonna love ya like no one could
[Pré-refrão: Eu vou te amar, eu vou te amar / Eu vou te amar, como ninguém mais poderia]
Verse 2 Sometimes it's hard to have the upper hand/ When every dream you've had is turning into sand / You need someone to make your day / But he took your breath and blew it away
Verso 3: I'm gonna love ya like he never could / 'Cause I know you deserve so good
[Verso 3: Eu vou te amar como ele nunca pôde / Porque eu sei que você merece tudo de bom]
A música mais curta do álbum e até então eu achava não ter algo tão explícito nela para poder comentar, até que após ouvir Trouble e Sunset Jesus e ler a letra com mais calma, há algo aqui também. Assim como Sunset Jesus, o verso 1 tem a referência novamente à Califórnia que, como disse anteriormente, é o estado cuja capital é Los Angeles e é aonde se situava o estúdio, gravadora e onde Tim residiu. Associado ao refrão e ao pré-refrão, a mensagem no verso 1 sugere que se oferece amor e afeto para alguém em troca de transformar seu sonho e distorcer o seu destino. Sugere uma necessidade de se ter alguém para fazer algo que ele sozinho aparentemente não consegue fazê-lo. O que me chama atenção é a mensagem final: torce para que isso não demore a acontecer. O verso 2 reforça a ideia da necessidade de ter esta pessoa para qual ele oferece afeto, visto que já não parece tão motivado com o sonho que se tem.
Quanto ao Avicii: True Stories, como disse antes, Tim passou a ter conflitos com relação a continuar sua carreira como DJ, no entanto não conseguiu viver sem fazer suas músicas, ele praticamente vivia para isso. Durante o período que se afastou de carreira e tentou deixar de ser DJ, apesar de não saber o que faria depois e não ter outros objetivos, passava maior parte do seu tempo fazendo música em seu notebook. O seu afastamento demonstrou que já havia conflitos com relação a carreira e estilo de vida e, talvez, se visse incapaz de tentar mudar ou lidar com isso sozinho, algo que penso estar refletido nas letras desta música. Apesar da melodia ser mais alegre e o refrão ser sobre amor e afeto, a letra em sua completude apresenta um teor timidamente melancólico. Após refletir sobre Gonna Love Ya eu me questiono se Waiting For Love também é reflexo dos sentimentos do Tim, seria ele quem estava "esperando por amor"?
Somewhere In Stockholm
Verse 1: That's me right there in the corner / Listening to Wu in my walkman / Neon lights at the water, reflecting the city I'm lost in / That's me right there in the corner / I one day would be leaving / For a dream that I didn't have / That I'd one day would believe in / Strange how the same place I ran from / Is the same place I think whenever the chance comes / It's inevitable, 'cause wherever I go...
[Verso 1: Esse sou eu na esquina / Escutando Wu em meu walkman / Luzes de neon na água, refletindo a cidade na qual eu estou perdido / Esse sou eu na esquina / Um dia eu estarei indo / Por um sonho que eu não tinha / E que um dia acreditaria / Estranho como o mesmo lugar do qual eu fugi / É o mesmo lugar que eu penso toda vez que tenho chance / É inevitável, porque aonde quer que eu vá...]
No início do verso 1, Tim se refere a si mesmo antes de ter iniciado sua carreira e faz menção à sua cidade natal Estocolmo, na Suécia, esta referência se dá com relação a descrição da própria cidade pois Estocolmo é praticamente toda cercada de água. A parte que me chama atenção (em negrito) é menção ao sonho e que expõe como não sendo seu, que provavelmente seria o fato de seguir carreira como DJ. Em seu documentário, ele afirmou que em um dado momento passou a ter aversão às turnês e shows, e declarou que com o tempo percebeu o quanto estas atividades faziam mal para ele. em meio a isso, Tim também declarou que fazia uso abusivo de álcool e drogas para lidar com sua agenda e também para conter sua ansiedade e nervosismo que vinham sempre que precisava se expor. No documentário também declarou que em dado momento se percebeu seguindo um ideal de felicidade que não era seu, fato este que subsidiou sua desistência definitiva em seguir com shows e carreira em 2016, no ano seguinte após o lançamento do Stories.
Chorus: I hear echos of a thousand screams / As I lay me down to sleep / There's a black hole deep inside of me / Reminding me, that I've lost my backbone / Somewhere in Stockholm / I lost my backbone, somewhere in Stockholm
[Refrão: Eu escuto ecos de milhares de gritos / Enquanto me deito para dormir / Tem um buraco negro profundo dentro de mim / E que me lembra que eu perdi o meu apoio / Em algum lugar em Estocolmo / Eu perdi o meio apoio em algum lugar em Estocolmo]
O final do verso 1 se associa ao refrão a partir da ideia de que aparentemente não consegue se desvincular de Estocolmo e sempre se recorda: "É inevitável, porque aonde quer que eu vá... Eu escuto ecos de centenas de gritos" [It's inevitable, 'cause whatever I go... / I hear echos of a thousand screams]. Quanto aos "gritos" referidos no refrão, trata-se de uma referência a uma tradição que acontece na Suécia na qual estudantes vão até o andar mais alto e gritam em conjunto por volta das 10h da noite, acredita-se que tenha iniciado no início dos anos 1970 e não sabe ao certo o objetivo desta ação, no entanto faz parte da realidade da Suécia. A segunda parte do refrão creio que seja a mensagem mais forte da música ao fazer referência em sentir um "buraco negro" [black hole] e, assim como "vazio", este termo é uma das formas mais comuns de descrever um dos sintomas da depressão. Associado a esta ideia, ele completa que perdeu o seu "backbone" (que traduzi como "apoio"), termo este que traduzido literalmente significa "coluna vertebral", além de se tratar de um termo que é usado para se referir a parte mais importante de alguma coisa. Em conclusão, ele afirma que perdeu sua parte mais importante em algum lugar de sua cidade natal, com a qual tem uma forte relação. Dito isto, penso que o Tim não tinha apenas ansiedade, mas possivelmente sintomas característicos do transtorno de humor depressivo que, por sua vez, também é correlacionado ao uso abusivo de álcool e drogas, algo que ele fazia. Então, neste trecho é possível descrever que há exposto um problema sério de saúde mental.
Verse 2: I'm from a place where we never openly show our emotions / We drown our sorrows in bottomless bottles / And leave them to float in the ocean / I'm from a place where we never / Separate people from people / Some generalize, but in general I / Still believe that we are treated as equals / My father, my mother, my sister / My brother, my friends and my family's there / My hope and my money, my innocence in a sense / Almost lost everything here / Right where I was founded / Is right where I'll be found dead / The streets will be my backbone, ultil I get back home
[Verso 2: Eu sou de um lugar onde nós nunca demonstramos nossas emoções abertamente / Nós afundamos nossas dores (ou mágoas) em garrafas sem fundo / E as deixamos flutuar no oceano / Eu sou de um lugar onde nós nunca / Separamos pessoas de pessoas / Alguns generalizam, mas em geral eu / Ainda acredito que nós somos tratados como semelhantes / Meu pai, minha mãe, minha irmã / Meu irmão, meus amigos e minha família estão todos lá / Minha esperança e meu dinheiro, minha inocência de certo modo / Quase perdi tudo aqui / Exatamente aonde eu fui encontrado / É exatamente aonde eu vou ser encontrado morto / As ruas serão meu apoio até eu voltar para casa]
Acredito que o verso 2 fala por si mesmo. Interessante que é pontuado que no lugar de onde ele veio não se expressa abertamente o que sente, é cultural não demonstrar ou falar de sentimentos, talvez algo que esteja associado a sua incapacidade ou dificuldade de dizer algumas coisas (como apresentado na outra faixa Talk To Myself). É bem explícito aqui que o Tim estava falando de si mesmo quando faz referência a sua família que está em Estocolmo, enquanto que ele não está, além de mencionar o que perdeu depois de ter saído de sua cidade natal. O trecho final (em negrito), para mim, é senão o mais forte de toda a música, afinal ele fala que vai ser "encontrado morto". O que é isso? Será que aqui ele já estava falando de suicídio? Será que já estava cogitando a possibilidade de morrer como saída para acabar com sua angústia e sofrimento que já fora exposto no refrão? É muito provável.
Verse 3: I'm not alone, I am the fire that burns / Not of the city but out of the 'burbs / A river that's just dying of thirst / I am a reverend lying in church / A crack in the pattern, a miracle waiting for happen / A promise that never was kept / One of those moments you'll never forget / I am that feeling inside / The one we all know but can't really describe / I am the blood spill, but I'm in love still
[Verso 3: Eu não estou sozinho, eu sou a chama que queima / Não na cidade mas fora dos subúrbios / Um rio que está morrendo de sede / Eu sou um reverendo mentindo na igreja / Uma rachadura na superfície, um milagre esperando para acontecer / Uma promessa que nunca foi feita / Um daqueles momentos que você nunca vai esquecer / Eu sou aquele sentimento interno / Aquele que todos nós sabemos mas não conseguimos de fato descrever / Eu sou o sangue derramado, mas eu ainda estou apaixonado]
Bridge: (Somewhere In Stockholm) / But I'm not alone / Don't have to get by on my own / I'm finally home / Hemma i Stockholm / (Där jag hör hemma)
[Ponte: (Em algum lugar em Estocolmo) / Mas eu não estou sozinho / Não tenho que ficar por conta própria / Estou finalmente em casa / Minha casa Estocolmo / (Aonde eu pertenço)]
O verso 3 me parece a demonstração de contradições e que para mim ainda é de difícil compreensão mesmo que associada ao restante da letra, assim o verso 3 me soa como se ele estivesse se definindo sendo composto de contradições, algumas que entram em conflito direto, outras não, como se fosse uma demonstração de que está lutando para se estabelecer, se definir. A parte final da música é, do meu ponto de vista, bastante sentimental ao apresentar as sentenças em sueco [Hemma i Stockholm / Där jag hör hemma] que se referem ao lar, casa e pertencer a algum lugar: demandas do Tim que são visíveis em Avicii: True Stories. No meu ponto de vista, esse trecho final demonstra essa necessidade dele de ter aonde pertencer e, também, associado ao relato aberto de Tim em seu documentário sobre a sua necessidade de se sentir ligado às outras pessoas e de se sentir aceito.
O conteúdo muito particular e sentimental desta música fez com que eu lançasse o mesmo olhar para as outras faixas do Stories, nas quais são expostos o que o Tim era, o que pensava e o que sentia, mesmo que não tenha exposto isso de forma explícita e direta. Embora Somewhere In Stockholm seja definida como uma ode à sua cidade natal, ela é muito mais do que isso.
Conclusão
Não podia deixar de ter um dos meus álbuns favoritos em mãos! |
Disse isso no começo da postagem e reitero que eu gosto muito do Stories! O motivo pelo qual dele é similar ao Strangeland do Keane: é cheio de sentimento, em cada parte, não tem como não perceber o conteúdo sentimental que, às vezes mais explícito em algumas letras, em outras nem tanto assim. Com destaque, claro, para o piano que está presente em quase todas as faixas, de diferentes formas, que é algo que eu adoro e um dos motivos pelo qual fez que eu gostasse tanto do Tim (Avicii).
Na minha opinião, o Stories é bem diferente se for comparado ao seu antecessor, True, que por si só já é bem diferente dos lançamentos anteriores a ele. Como disse na postagem anterior sobre o Avicii, a ordem cronológica de suas músicas evidenciam uma mudança de um lançamento para o outro, intimamente associado a mudança na expressividade e subjetividade, ou seja, para cada álbum, um Tim diferente do anterior. Particularmente acho interessante como as produções são expressões de algo muito íntimo e subjetivo, expressão de quem nós somos, do que pensamos, do que acreditamos, expressão da forma como vemos a vida e si mesmos. Por conta disso, fiz a correlação entre o Tim e as letras do Stories.
Acredito que o Stories em si fora uma forma do Tim compartilhar e expressar uma parte do que ele estava vivendo, de forma que podemos perceber o conteúdo por vezes ambíguo e profundamente melancólico em suas letras, o que indicava que algo não estava bem com ele e, para mim, Somewhere In Stockholm é a maior expressão disso. Apesar de que, se for fazer uma análise maior, a mensagem da música Wake Me Up de seu primeiro álbum True de 2013 já indicava que havia algo de errado com ele, principalmente se focarmos no refrão que diz "Então me acorde quando isso tudo acabar / Quando eu for mais maduro e mais velho / Esse tempo todo eu tentando me encontrar / E eu não sabia que estava perdido" [So wake me up when it's all over / When I'm wiser and I'm older / All this time I was finding myself / And I didn't know I was lost]. Então, as faixas que apresentei neste álbum Stories expõem de forma mais aberta a melancolia que ele já estava vivendo, pois ao dizer nos últimos versos de Somewhere In Stockholm: "Exatamente aonde eu fui encontrado / É exatamente aonde vou ser encontrado morto" [Right where I was founded / Is right where I'll be founded dead] já indica que ele precisava de suporte, de ajuda e de tratamento. Embora não se tenha informações mais completas sobre como se estava dando seu acompanhamento em saúde mental, tais sentenças sinalizavam que o caso dele precisava de uma atenção mais adequada afinal estava falando de sua própria morte e de morrer. Tais sentenças deveriam ter significados para ele, principalmente por afirmar diversas vezes que se comunicava com seus fãs através de sua música. O conteúdo das letras que mencionei nesta postagem foram produzidas durante o período de 2013 a 2015 e que estão intimamente ligados ao estado emocional do Tim durante este período e, possivelmente relacionados ao seu suicídio que ocorreu em 2018.
Este álbum recebeu grande foco quanto a forma das músicas, que causou impacto maior pela sua composição que é uma mistura de gêneros musicais (EDM, folk, pop, reggae, etc.) conectados pelos sintetizadores do Tim. Apesar de ter sido este grande parte do foco, havia algo mais além, havia uma expressão mais profunda de uma melancolia que pode até ter passado despercebida, mas que estava nele, e talvez aqui tenha sido um dos sinais mais intensos de que ele estava vivendo uma melancolia grande, um quadro depressivo que deve ter influenciado a causa de sua morte. Quando eu penso no Stories e no Tim, eu penso também em saúde mental devido as mensagens que nele contém, e me leva a refletir o quanto podem existir outras pessoas em similar estado que devem expressar-se de diversas maneiras e que acabam despercebidas pelas outras, e que talvez devêssemos tentar ser um pouco mais empáticos e acolhedores pois pode haver um sofrimento de alguém próximo que ainda não nos demos conta.
As razões pelas quais gosto de álbum estão praticamente explícitas em toda esta postagem, no entanto não poderia finalizar sem mencionar as minhas músicas favoritas dele: Waiting For Love, Talk To Myself, For A Better Day, Sunset Jesus, Gonna Love Ya, Trouble, Broken Arrows, True Believer e Somewhere In Stockholm. São as músicas bem diferentes umas das outras, apesar de eu me identificar com todas estas por motivos diferentes. O que me faz ouvir o Stories é também por conta de que posso ter uma variedade melódica em um só álbum e mesmo assim se encaixam perfeitamente nele, algo que gosto bastante. Algumas das letras são como se fossem poemas em formato de música, o que as torna mais bonitas na minha opinião, tal como Talk To Myself. Sem falar, claro, das faixas que possuem os riffs de piano que eu adoro, como Waiting For Love, City Lights, Sunset Jesus e For A Better Day. As faixas Broken Arrows e Trouble são as que possuem conotação mais motivadora e positiva, os que as fazem ser as músicas mais alegres deste álbum.
Por fim, apesar de serem poucas faixas eu me contento com elas e penso que, assim como o Strangeland do Keane, o The Wave do Tom Chaplin e o Liberman da Vanessa Carlton; o Stories do Tim vai me acompanhar daqui em diante.
#AviciiForever
💗
Avicii - Wikipedia in English
Stories (Avicii Album) - Wikipedia in English
Waiting For Love (Avicii Song) - Wikipedia in English
Genius.com
Billboard.com
Stories. Avicii. Mídia física - CD. PRMD e Universal Records, 2015.
Avicii: True Stories. Documentário. 1h37m. BBC, 2017.
Letras
Genius.com
Avicii YouTube Official Account - Lyric videos
Demais créditos
Tradução das letras fora feita por mim.
Agradeço o afeto, disponibilidade e colaboração na tradução e revisão das letras ao meu namorado Matheus e maninho Raphael, os quais também têm o inglês como parte de sua vida e os que estiveram comigo desde o começo em the whole 'Tim "Avicii" Bergling' thing in my life e me ouviram compartilhar todas as minhas reflexões. :)
Amei demais essa interpretação! #AviciiForever
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